segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dia do "Caçapavense Ausente"

No dia 21 de abril de 2012, aconteceu o "Dia do Caçapavense Ausente", cerimônia tradicional promovida pela Prefeitura Municipal de Caçapava e Centro de Convivência da Terceira Idade "Viva a Vida". Coordenado há 21 anos pela incansável batalhadora, presidente da Academia Caçapavense de Letras, professora Lourdes Mesquita Siqueira, o evento homenageia pessoas ilustres que nasceram em Caçapava e deixaram a cidade, mas que fazem parte de sua história.

A sessão solene foi realizada no Cine Vogue, seguido por um almoço no Clube Jequitibá. Contou com a participação do prefeito Carlos Vilela, personalidades e autoridades. Foram executados os hinos Nacional, de Caçapava, Viva a Vida e outras músicas pela Banda do 6º BIL, além da apresentação do Coral Viva a Vida, sob regência do professor Márcio Faria com acompanhamento do pianista Leandro Setra.

Neste ano foram homenageados:

  • Dr. Antonio Zanetti - in memoriam: (REPRESENTADO POR SEU FILHO CARLO ZANETTI): Dr. Antonio Zanetti nasceu em Caçapava, no dia 18 de dezembro de 1917, falecendo em 3 de abril de 2002, aos 84 anos. Recebeu vários prêmios em concursos nacionais de Trovas, Contos e Poesias. Foi premiado em vários cidades e estados brasileiros. No estado de São Paulo foi premiado cerca de 40 vezes. É autor do Hino da Faculdade de Direito de Taubaté, ele venceu o Concurso promovido pelo Diretório Acadêmico "Prof. Ulysses Guimarães". A letra do hino é de sua autoria e a música é de Milton José Duarte Vallim. Também foi autor da letra do Hino do Mobral Caçapavense.
  • Dr. José de Freitas Guimarães (Juquita) - in memoriam: (REPRESENTADO POR SEUS NETOS ANTONIO FERNANDO GUIMARÃES E JOSÉ CLÁUDIO GUIMARÃES MARTINS): Carinhosamente chamado de JUQUITA, Dr. José de Freitas Guimarães nasceu em Caçapava-SP, aos 19 de março de 1.896, falecendo em Marília-SP em 13 de abril de 1.979, aos 83 anos de idade. Foi o primeiro jornalista de Caçapava e um dos fundadores do Clube Conde Alvares Penteado, o 1º Clube Desportivo de Caçapava. Participou também da Fundação da Associação Atlética Caçapavense em 1913. Profundo conhecedor da história e cultura de nossa cidade, foi educador no Grupo Escolar Ruy Barbosa e Escola Regimental do 6º RI. Além de advogado, economista, jornalista e escritor, foi também jogador de futebol, tendo jogado em vários clubes da região. O homenageado foi (ver mais neste blog em "Trajetória")
  • General de Exército Adhemar da Costa Machado Filho: Nasceu em 5 de agosto de 1950, na cidade de Caçapava-SP. Incorporou-se às fileiras do Exército em 2 de março de 1970, na Academia Militar das Agulhas Negras. Agraciado, destacam-se a Medalha Militar de Ouro, a Medalha do Pacificador, a Ordem do Mérito Militar no Grau de Comendador, a Medalha das Nações Unidas (Unvaem III) e o Distintivo de Comando Dourado. É comandante militar do Sudeste, responsável por coordenar a divisão do Exército que abrange o estado de São Paulo.

Vídeo com algumas apresentações musicais do evento:




Fotos do local da sessão solene no Cine Vogue e do almoço no Clube Jequitibá:







Texto de agradecimento da família Villaça Guimarães, lido por José Cláudio:
Escreveu a escritora e poetisa americana Anais Nin: “não vemos as coisas como são; vemos as coisas como somos.” 
E o Juquita, meu avô, não via as coisas como elas eram, mas sim, como ele era: puro, sensível e que acreditava na boa essência do ser humano. Em diversas passagens que acompanhei de sua vida, ouvi pessoas falarem: 
      - Juquita, você é muito crédulo; estava na cara que isso iria acontecer!” 
Diferente da ingenuidade, a bondade não raciocina, mas apenas atua. E como isso faz falta no mundo atual! A necessária precaução de ontem é hoje sinônimo de desconfiança. Todos desconfiam de todos; ser bom é ser bonzinho; ser bonzinho é ser bobo. E essa confusão de conceitos tem afastado as pessoas do caminho da fraternidade. Não a fraternidade das religiões, mas a fraternidade presente no verdadeiro humanismo. 
Antigamente as pessoas conheciam as essências umas das outras. Amizade era amizade; amor era amor e família era família. Hoje, com a internet, o amigo virou virtual; o ter amor virou fazer amor e família virou um entrave na liberdade dos filhos. Não, isso não é moralismo... é desordem na ordem de valores. 
E nesse ponto, meu avô Juquita fez a diferença. Filhos e netos herdaram dele e de sua também saudosa esposa Aracy, o gene da sensibilidade, da espiritualidade e do respeito ao ser humano. Seus filhos, meus tios Flávio, Fábio, Magda, Isaías, Carmen e minha mãe Sônia, todos, de uma forma ou de outra também filhos desta cidade, são exemplos dessa descendência genética do bem. Graças a Deus!
O livro “Minha Velha Caçapava”, de autoria do Juquita, longe de ser um best seller comercial dos moldes atuais, é uma declaração de amor a esta cidade que ele tanto amava e ainda ama, esteja ele onde estiver. É poesia em prosa. É saudade manifestada em reconhecimento; é história  contada e revivida; é agradecimento. 
Em nome da família Villaça Guimarães que me concedeu a honra de estar aqui representando-os neste momento, quero agradecer a linda homenagem feita ao Dr. José de Freitas Guimarães, o Juquita, em especial à mentora, organizadora e querida professora Lourdes Mesquita de Siqueira. 
Quero terminar citando um trecho do livro “Minha Velha Caçapava” que traduz a essência desse pouco que tentei descrever sobre o amor e a sensibilidade aflorada do professor, advogado, escritor, jornalista e, antes de tudo, caçapavense, meu avô Dr. José de freitas Guimarães: 
“Ficarei então, para sempre, minha velha Caçapava, como se fora um velho relógio, descansando, todo empoeirado num canto da sala, procurando reunir suas forças e novas energias a fim de não parar, lutando para acionar suas cordas já desgastadas para poder ouvir suas horas e minutos, aguardando pacientemente a última volta dos seus ponteiros e novos rumos, para outras alvoradas..." 
Ficarei então, aqui, para sempre, como o “juca mulato” de menotti del picchia, quando ouvia ternamente os conselhos da natureza que lhe segredava aos ouvidos:  
“não vás (juca). Aqui serão teus dias mais serenos, Que, na terra natal, a própria dor dói menos…E fica, que é melhor morrer (ai, bem sei eu!)No pedaço de chão em que a gente nasceu!”

Muito obrigado!

4 comentários:

  1. Ah meu querido vovo Juquita!
    Imagem da paciencia, da resignacao. Bom humor constante... abracos apertados, tao sentidos!
    Ainda me lembro andando nas ruas de S.Jose dos Campos, quando ele morou com a gente por uns tempos, vindo de terno, com a chave da caixa postal do correio em sua mao. Me via e dizia: "Ah minha filha...que bom te ver!". Seus abracos eram sempre tao gostosos e aconchegantes.
    A gente deveria saber qual o ultimo dia que veriamos uma pessoa que amamos... acho que o encontro seria tao cheio de qualidade!
    A ultima vez que vi meu vovo Juquita foi em janeiro de 1979.
    Quando chegavamos em sua casa, havia sempre presentinhos sobre o nosso travesseiro (sabonetinhos, pasta de dentes), tudo com tanto carinho!
    Ah vovo, querido, que saudade de voce nesse momento!
    Nao tive muita paciencia, na minha mocidade, de ouvir seus relatos sobre "A Minha Velha Cacapava"...nao tive a paciencia que tenho hoje, que nao sou mais jovem. Hoje o que gostaria muito, era sentar com voce e ouvir todas suas historias, e tambem sentar para ouvir as operas que voce tanto gostava!
    Amo voce meu vovo querido!
    Receba meu abraco, e meu carinho, e aquele amor eterno e infindavel.
    Sua neta,
    Maria Ines (Mary)

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  2. Foi extremamente emocionante participar da homenagem que fizeram ao querido Vovô Juquita.
    Revivi naqueles momentos a presença dele.
    Vovô Juquita era um verdadeiro apaixonado por Caçapava.
    Sem nunca ter ido a Caçapava, eu já conhecia bem a cidade, de tantas histórias ouvidas, dele e de minha mãe.
    Saudades.
    Saudades daquele bom humor constante, puro, ingênuo.
    Saudades do carinho com que nos recebia, das palavras doces que nos dirigia, e das pequenas lembrancinhas que sempre nos reservava.
    Ficaram somente bons exemplos: a honestidade, o respeito à família, a paciência, a compreensão.
    Já disse alguém que por onde passamos, deixamos nossas marcas.
    Vivenciar a justa homenagem que lhe prestaram, foi constatar as marcas que ele deixou nos corações das pessoas.
    Um dos outros dois homenageados naquele dia, foi representado por um dos filhos, e este se lembrou, emocionado, da amizade que o pai manteve com o Vovô Juquita e da qual muito se orgulhava. Isto também nos orgulha.
    O outro homenageado era um general, nascido em Caçapava, que em seu discurso, observou aos jovens soldados presentes que aquela homenagem deveria despertar neles o real valor do nosso passado.
    É isso: nossa conduta deixa marcas.
    Interessante que a homenagem despertou na minha filha Anaí o orgulho de ser bisneta do “Biso Juquita”, a quem ela sequer conheceu pessoalmente (ao menos nesta vida), mas que sabe, pelas homenagens que presenciou, que é um homem de bem, e eu lhe serve de exemplo.
    Vovô Juquita nos deixou a prova viva de que vale a pena ser bom e ser honesto.
    Ou, como está mais na moda dizer, mas está muito em desuso: vale a pena ser Ético.
    Saudades
    Fernando

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  3. Muito justa essa homenagem, feita a uma pessoa muito especial, não só por suas qualidades literárias, mas por um grande coração. E todos aqueles que conviveram com ele tiveram o privilégio de apreciá-lo. E é essa uma verdade incontestável.
    Sou sua primeira neta e morei com vovô Juquita e vovò Araci por duas vezes. Quando cursava o segundo e terceiro anos de ginásio (hoje sétima e oitava série), em Jundiaí. E durante o periodo de quatro anos, quando fiz faculdade em Santos.
    Por ter convivido durante tanto tempo com os dois queridos,eles fazem parte de minha vida de uma forma que se torna impossível separá-los de todo meu periodo de infância, adolescência e um bom tempo da fase adulta.
    Assim, eu teria muito a escrever, mas vou tentar resumir, mesmo que desordenadamente no tempo.
    A primeira das mais ternas recordações que eu tenho de meu avô Juquita está ligada aos livros infantis que ele me trazia em todas as viagens que fazia, capas coloridas e em brochura, livros de Monteiro Lobato quase todos. Acabei ganhando quase toda coleção dessa maneira. E,mal podia esperar que ele abrisse a sua mala, para entregar-me o esperado. Presentes que tinham um duplo valor, afetivo e material,e eram inestimáveis.E marcaram minha infância, incentivando definitivamente meu gosto pela leitura.
    Outra das recordações marcantes é de meu avô, de pijama,escrevendo seus textos, artigos, cartas, em sua velha Remington. Aquele som das teclas esteve sempre presente em todas as épocas de minha vida. Ele escrevia rápido, mas com apenas dois dedos...uma de suas características marcantes de jornalista.
    Em todas as ocasiões era uma pessoa extremamente calma,raramente o vi perder a paciência com algo. E se isso acontecia,as pessoas se calavam, porque sabiam que realmente havia um forte motivo.
    Juquita era uma pessoa extremamente carinhosa com a família, e tinha esse dom de compreender cada pessoa do jeito que ela era, e isso pode ser considerado raro, em homens nascidos há dois seculos atrás, pais de família numerosa. A conversa e o abraço eram suas armas infalíveis contra a desarmonia familiar.
    Vovô Juquita nos fazia rir muitas vezes, nas situações mais críticas e me lembro que mudava os nomes dos artistas e personalidades a seu modo, mesmo que insistíssemos em corrigir, ele o fazia propositalmente...como para traze-los perto de seu mundo e faze-los íntimos. E também (um homem como ele que transitava com maestria pela língua portuguesa - basta ver seus escritos),mantinha algumas palavras em seu vocabulário em que trocava o l pelo r, e o fazia propositalmente de uma forma quase humorística, uma de suas maneiras de aconchegar as pessoas com a simplicidade que viveu em sua infância. Aliás, em todos os seus hábitos, mesmo vivendo em cidades grandes e viajando muito, vovô sempre mantinha arraigados em sua alma todos esses hábitos do interior, que jamais se separaram dele. E em conseguência, acabaram fazendo parte das características de toda nossa família. Mesmo dos mais jovens.
    Assim,por onde tenha andado ou vivido, sempre levou a Caçapava de seu tempo em seu coração. Viva, nítida, sempre presente em todos os momentos de sua vida.
    Disso sou testemunha e nós todos, em nossa família.
    Por isso vejo tanta justiça nessa homenagem.E quero acreditar que onde esteja nesse momento, o vovô Juquita possa receber e sentir a retribuição desse amor, que o impulsionou durante toda vida.
    Maria Lúcia (abril/2012)

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  4. Para nós,espíritas,a morte não coloca um ponto final em nossa vida,mas nos prepara para novas existências, talvez melhores do que a que estamos enfrentando aqui neste Planeta. Por isso, papai para mim continua muito vivo e quando penso nele, chego a sentir seu perfume, sua vibração de ser humano diferenciado, que iluminou a minha vida e a de meus irmãos desde que demos os primeiros passos. Tinha para conosco uma reserva inesgotável de carinho e um cuidado para cada um de nos, difícil de ser igualado. As lembranças e a saudade que tenho dele são minhas eternas companheiras e sei que assim será, enquanto vida eu tiver.

    A homenagem que lhe prestaram em nossa terra Natal, foi muito grata ao nosso coração e muito justa. Ele amou sua cidade e soube honrá-la como cidadão,como filho, como marido,como amigo e como profissional. Em qualquer área em que atuasse, deixava sua marca, seu exemplo, sua competência e sua honestidade.

    Quando, em decorrência de seu trabalho, meu falecido marido foi transferido de Marília para Campinas, ele e mamãe se mudaram para lá e eu, afastada sem vencimentos do meu emprego, recebia dele, todos os meses,a valor integral do meu salário e isso se prolongou até a efetivação de minha transferência para Campinas. É um desses fatos que ficaram gravados para sempre em nossa memória. Anos depois, com nova transferência de meu marido, dessa vez para Santos, lá estavam ele e mamãe se mudando também para aquela cidade onde permaneceram até nova transferência para Campinas.

    Daquela vez, ele não quis voltar para Campinas conosco e preferiu retornar a Marília (1975), onde pode conviver com os demais filhos aqui residentes, por pouco mais de três anos, pois veio a falecer em abril de 1979, de maneira inesperada e graças a Deus, sem sofrimento, um prêmio para quem, como ele, só plantou o bem no decorrer de toda sua vida.

    As lembranças que tenho dele desfilam por minha mente tão claras e inesquecíveis, como um filme registrando o seu viver entre nós, que tivemos o privilégio de tê-lo tido como nosso pai. Um pai adorável, que teve como guia a bondade, a fé,a perseverança e a firme determinação de nunca esmorecer diante de quaisquer obstáculos que atravessassem seu caminho. Sinto-me premiada por Deus por ter sido sua filha e de ter tantos e tão lindas lembranças do anos em que convivi com ele, sob sua proteção.

    Deixo aqui registrada minha imensa ternura e saudade, além de minha gratidão por tão linda homenagem a ele prestada em Caçapava.

    Marília,18 de maio de 2012.

    Carmen

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